Quantas pessoas você conhece que se acham devidamente esclarecidas, se dizem não influenciadas por qualquer tipo de manipulação política e que a escolha dos seus candidatos se dá de modo livre e espontâneo? Normalmente, consideramos as pessoas de pouca instrução como as mais suscetíveis de serem manipuladas por promessas de candidatos inescrupulosos e demagogos.

Infelizmente, a venda ou a troca do voto por algo material faz parte da cultura desta nação desde as mais priscas eras. Esta permuta, ainda nos dias atuais, está presente nas cidades interioranas e mesmo na periferia das capitais sejam do norte ou do sul. Há alguns anos ao conversar numa mesa de bar com um vereador de duas legislaturas em um município do Estado da Paraíba, perguntei-lhe quais os seus grandes projetos aprovados.

Ele, sem qualquer cerimônia, foi autêntico na resposta: não aprovei nenhum projeto importante, mas ajudei a muita gente. Foram centenas de dentaduras e óculos de grau, várias passagens de ônibus para São Paulo, um sem número de retratos para tirar documentos e muitos tijolos, cal e cimento para reparar casas dos meus eleitores pobres. A minha esposa tem tudo anotado, concluiu.

Antes de surgir o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) em 2003, um pretenso candidato a vereador na periferia de João Pessoa, adquiriu e transformou em ambulância particular, um automóvel tipo perua. Confirmada a sua candidatura, tornou-se um dos vereadores mais bem votados da capital paraibana. Em Natal, um oftalmologista, após certo período pré-eleitoral de atendimento gratuito, elegeu-se com facilidade vereador nas eleições municipais de 2008.

Mas, finalmente, o que pesa na decisão de um eleitor na escolha dos seus candidatos? A condição social do eleitor? Sua instrução? Recebimento de favores? Simpatia partidária? Ideologia? O professor americano George P. Lakoff, de Berkeley na Universidade da Califórnia, tem desenvolvido pesquisa na área de Linguística Cognitiva, mais especialmente a teoria neural da linguagem.

Para o professor Lakoff, mesmo uma pessoa de alta instrução pode ser manipulada. Ele baseia a sua teoria nas últimas descobertas feitas sobre a mente humana. Segundo o pesquisador, o comportamento humano não é tão racional como pregava a teoria iluminista do século 18. Na escolha do candidato, apenas o conceito tradicional da razão não é suficiente para explicar. Na sua teoria cognitiva, entram outros ingredientes para esta seleção como emoções, subjetividades e linguagem metafórica.

A teoria cognitiva do professor Lakoff, baseada originalmente no comportamento de eleitores conservadores e progressistas americanos, foi testada em outros países que apresentaram características e parâmetros próprios. Embora afirme que ainda há muita pesquisa a ser feita na área da neurolinguista, no livro “The Political Mind” publicado em 2005, Lakoff afirma que a organização política na nossa mente está baseada em sistemas morais.

No Marketing e na Publicidade, o comportamento da mente humana tem sido devidamente explorado com êxito. No entanto, isto não ocorre em outras áreas como no discurso político. A tendência, como se observa em diversos trabalhos de Lakoff com outros pesquisadores, é que a Linguística Cognitiva poderá ter muitas aplicações na área das Ciências Sociais, na Matemática e na Informática.

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