UM PAÍS CHEIROSO
Ailton Salviano
Quem visita Paris obrigatoriamente vai a uma loja de perfumes. A bela capital francesa, além das luzes, chama a atenção dos seus visitantes pelas diversas opções que oferece para os usuários das mais cobiçadas “grifes” de fragrâncias. Não precisa ser um “expert” para saber que “o perfume francês” é o mais desejado em todo o mundo. Quem pretende gastar sem limites vai às “parfumeries” dos bulevares do centro parisiense; quem deseja economizar procura algumas lojinhas nas proximidades da Praça da Concórdia.
Apesar da fama, em termos de venda de perfumes a França não está no topo. Ocupou apenas o quarto lugar em 2009 e 2010. Segundo dados do blog da consultoria Euromonitor (Euromonitor Global Market Research Blog), o Brasil, isto mesmo o nosso Brasil, ocupou em 2010 o primeiro lugar na venda de fragrâncias. Em 2009, os Estados Unidos ocuparam este lugar, mas em 2010 o Brasil movimentou 6,02 bilhões de dólares na venda de perfumes contra 5,34 bilhões dos americanos. Alguns analistas associam esse crescimento brasileiro à valorização do real em relação à moeda americana.
Não obstante este lugar de destaque de liderança mundial, a análise de algumas características do mercado brasileiro pode garantir ainda um horizonte promissor de mais crescimento nas vendas. Apenas duas empresas do setor abocanham 60% do nosso mercado. A diretoria de marketing e vendas de uma delas constatou que apenas 61% dos brasileiros usam algum tipo de perfume. Portanto, existe um campo enorme para ser explorado.
Em termos de consumo de fragrâncias, um outro fato interessante é que as famílias nordestinas superam as do sul na proporção de 9/4. Isto pode provar que o uso de perfumes está mais ligado ao hábito que ao poder aquisitivo. O brasileiro ainda conserva aquele velho hábito na aquisição de perfumes. Independente do preço, muitos usam a mesma fragrância durante anos. Você já deve ter ouvido de alguém: “só uso perfume tal. Se não encontrar ou não puder comprar prefiro ficar sem usar”. Há, realmente, uma fidelidade de consumo como existe nos mercados de cigarros e bebidas.
Dos nossos sentidos, o olfato, depois da visão, é o que guarda por mais tempo recordações. Quem nunca associou determinada fragrância a uma namoradinha da adolescência? No caso das mulheres, acredito acontecer o mesmo. Embora as empresas de perfumes caprichem nas embalagens chamativas para ampliar suas vendas, para o tradicional consumidor o que importa mesmo é o odor com o qual ele se identifica. É algo tão pessoal que o mesmo perfume pode provocar bem-estar para alguns e forte aversão para outros.
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