Ailton Salviano

Voltei à universidade 40 anos depois da minha formatura. Praticamente, duas gerações mais tarde. Estou no 5º período do Curso de Comunicações na condição de aluno normal, após ter-me submetido a um rigoroso vestibular na Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

A experiência é inusitada sob todos os aspectos. Muito embora possa considerar tudo revestido de novo, como as formas e técnicas de ensino, o comportamento de professores e alunos ou os métodos de avaliação, algumas velhas deficiências da universidade ainda são preservadas.

Há alguns dias, no intervalo das aulas, notei um grupo de alunos falando sobre a grande decepção que se constituíam o curso e a própria universidade. Apenas escutei, sem entrar na discussão ou emitir qualquer juízo. Percebi que eram alunos interessados e de bom aproveitamento no curso. De imediato, não me aprofundei naquele problema e apenas conjeturei, tratar-se de alunos vindos de bons colégios particulares dotados de moderna estrutura e que estavam fazendo alguma comparação com a nossa sucateada universidade.

Dias mais tarde, por mera coincidência, estou em Lisboa e leio em um dos jornais locais, uma matéria sobre o referido tema. Sob a manchete “Universidade Também Deprime” são apresentados alguns tópicos do livro “Apoio Psicológico a Jovens do Ensino Superior”, da doutoranda em Psicologia, Graça Figueiredo Dias. A obra é o resultado da experiência de 20 anos de trabalho nessa área.

Em Portugal, mesmo com escassos recursos, algo bem semelhante ao nosso ensino público superior, existem 36 gabinetes de apoio psicológico e aconselhamento ao estudante. Segundo a Doutora Graça, “é importante apostar mais, neste apoio psicossocial aos estudantes. Para isso, é preciso regulamentar essa atividade e especializar os profissionais”. Afirma ainda a pesquisadora que os casos de hoje são bem mais graves do que há 20 anos.

Além do problema inerente à faixa etária dos alunos que entram na universidade, há uma constante frustração sobre as expectativas que tinham sobre o curso que escolheram e o seu futuro. Há ainda, outros elementos complicadores como a competitividade do mercado e a incerteza da busca do primeiro emprego. Às vezes, o aluno freqüenta um curso que não escolheu, cumpre apenas uma segunda opção que lhe ofereceram.

Muitas vezes, a ansiedade exagerada sobre o curso pode estar ligada ao passado familiar do aluno. Outros fatores que influenciam no estado emocional dos alunos, tornando-os mais frágeis, colocando-os sob permanente pressão, segundo a pesquisadora são: a massificação do ensino, o distanciamento dos professores, os problemas com namoros, o afastamento de casa daqueles alunos que têm famílias no interior ou em outro estado.

Além disso, para a pesquisadora, casos de depressão, insegurança e ansiedade são muito comuns entre os jovens de 18 e 20 anos. Mesmo se tratando de situações normais da idade, que nem sempre se associam às depressões clínicas, o tema que pensei tratar-se de banalidade, deve merecer a atenção dos estudiosos dessa área, que devidamente apoiados pela própria universidade, podem melhorar muito, o bem-estar e o estado psicológico do aluno recém admitido aos cursos superiores.

  1. E isso ai Ailton! realmente pra quem chega de uma estrutura de colegio particular a primeira vista se espanta comk a situacao encontrada na universidade publica!!
    Depois divulga nossa materia ai no blog, q tem essa ambiguidade genial no nome!!
    Abraco

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