E, de repente, a palavra “alternativa” conquistou as pessoas e tornou-se onipresente. Do transporte urbano às questões do vestibular, da música ao turismo, do esporte à terapia. Empregada erroneamente com o sentido de mais de duas opções, o termo invadiu os mais diferentes setores de atividades da vida moderna. Será mais um modismo lingüístico de efêmera existência? Quiçá o tempo possa responder!

Mas, qual o verdadeiro significado da palavra alternativa? Em uma das relíquas que possuo – Novo Vocabulário Universal da Língua Portugueza (grafia original), compilado por Levindo Castro de La Fayaette, edição de 1889, explica assim essa palavra. “Alternativa: acção, liberdade, direito de alternar; obrigação de escolher entre duas cousas;” O dicionário Aurélio Século XXI afirma: alternativa – substantivo feminino. Sucessão de duas coisas reciprocamente exclusivas. Opção entre duas coisas.

Ora, está muito claro que o termo se refere a duas e somente duas opções. Alguém, inadvertidamente, empregou a palavra como sinônimo de “várias” opções e virou mania nacional. Bem, se são duas as opções, nada a comentar, porém, se numa questão de vestibular, aparece – “Marque a alternativa correta” e surgem abaixo 6 opções, o emprego da palavra alternativa me parece inoportuno.

E quando se escuta ou se lê na imprensa: “O governo tinha apenas essa alternativa”. Nesse caso, o problema transcende o bom senso. Envolvidas pelo uso generalizado dessa palavra, pessoas que exercem destacados cargos públicos usam e abusam do erro. É provável que de tanto ser empregada erroneamente, alternativa passe a ser sinônimo de opções. Lembra o velho paradigma atribuído a Goebbels, porta-voz de Hitler – “uma mentira repetida mil vezes, torna-se verdade.”.

Aconteceu com a palavra “espiral”. O termo, originalmente associado à matemática e à geometria, significa uma figura plana (tem apenas duas dimensões) gerada por um ponto que se move no mesmo plano em função de uma reta e obedece a determinadas leis. As diferentes espirais (de Descartes, de Fermat, de Cornu, de Arquimedes) são figuras planas. Desconhecendo seu real significado, autores de outras áreas começaram a empregar impropriamente o termo para caracterizar uma helicóide. O hábito pegou.

Hoje, o termo foi banalizado em expressões impróprias como “escada espiral”, “caderno espiral” em que a palavra embora estranha, porém correta seria “helicoidal”. Esse uso errôneo e impróprio passa despercebido até por alguns mestres. Outro dia, encontrei-me com um velho professor universitário de matemática e geometria e citei esse problema. Ele simplesmente me disse: nunca atentei para esse detalhe. Mas, você tem razão – espiral é uma figura plana; helicoidal é figura espacial; tem três dimensões!

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