Ailton Salviano (Publicado em O Jornal de Hoje – 15.12.2008)

Chuvas de granizo, como são conhecidas as precipitações de pequenos fragmentos de gelo, são raras por essas latitudes. Nas mais de seis décadas da minha existência, presenciei uma única vez esse tipo de chuva. Não foi aqui no nordeste brasileiro, foi em 2006 durante a Copa da Alemanha. Aconteceu em Berlim quando visitava o monumento judeu do holocausto. O fato, comum naquela cidade, não chamou a atenção de ninguém, mas fiz questão de registrar em fotos para mostrar aos meus amigos e familiares. (Veja fotos abaixo)

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Tempo fechado em Berlim diante do Museu do Holocausto. Foto A. Salviano

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Granizo. Fragmentos de gelo sobre tablado em Berlim. Foto A. Salviano

Neste ano de 2008, embora a condição episódica do fenômeno, têm acontecido com certa freqüência chuvas de granizo no norte e nordeste, regiões geográficas brasileiras caracterizadas por altas temperaturas. Em setembro passado, choveu granizo em Floriano no Piauí. Em outubro, a cidade maranhense de Imperatriz, onde é comum a temperatura atingir 40° Celsius à sombra, sofreu também essa estranha ocorrência meteorológica.

Agora em dezembro, essa rara precipitação entre nós se repetiu na cidade de Oeiras, antiga capital do Piauí. Aqui no Rio Grande do Norte, as chuvas de granizo aconteceram em janeiro de 2008 na cidade de Luiz Gomes e agora em dezembro na comunidade de Mimoso, município de Caicó. Isto prova que esse tipo de precipitação se forma em qualquer latitude e depende dentre outras condições, do encontro de frentes com temperaturas diferentes. Obviamente, o fato é mais freqüente nas regiões frias.

Esta chuva que ocorreu há poucos dias nas cercanias de Caicó me transportou no tempo para uma história contada por meu pai e que muitas pessoas duvidavam. Narrava meu genitor que na década de 30, ele e alguns amigos numa tarde quente capinavam uma capoeira nas proximidades do rio no município de São João do Sabugi, região limítrofe de Caicó. De repente, nuvens escuras apareceram. Formou-se uma tempestade com ventos fortes, trovões e uma chuva de granizo caiu durante poucos minutos.

Após se protegerem sob um frondoso pé de oiticica à margem do rio, meu pai então um garoto de 12 anos e seus amigos ainda nervosos com o barulho do gelo ao encontro das folhagens, olhavam curiosamente para o solo onde algumas pedrinhas começavam a derreter-se. Seu Antônio, único adulto do grupo, olhou para a turminha e com autoridade falou enquanto colocava no bisaco alguns fragmentos de gelo: “Vou levar algumas pedrinhas dessas para mostrar a Maria, minha mulher. Em casa, se eu disser que choveu gelo no roçado sem ter nenhuma prova, vou passar por mentiroso”.

  1. Não sou russo! Sou inglês! E agora esquecí o comentário que ir fazer sobre “hailstones”!
    Aproveito, então, para desejar a todos

    UM FELIZ NATAL

    Abraços

    Alan

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