Ailton Salviano

O nosso sertanejo por viver na região tropical próximo ao equador terrestre, distingue apenas duas estações do ano: a do sol e das chuvas. A sua sobrevivência está ligada intimamente à agricultura de subsistência. Essa atividade depende muito dos bons períodos de chuva, chamados impropriamente de inverno. Esta dependência que perdura há séculos, deu origem a muitas lendas e superstições numa tentativa vã de antever os bons invernos.

As condições climáticas ao longo da história da humanidade têm influenciado o comportamento de diferentes povos no que diz respeito às suas celebrações. O sol, fonte de luz e calor para o nosso planeta e responsável direto pelo crescimento das plantas, era considerado pela maioria dos povos antigos, um grande deus. Imagine os povos da Escandinávia, nos primórdios da civilização quando ainda não se conheciam os fenômenos dos solstícios e dos equinócios, verem o sol desaparecer vários meses.

O reaparecimento do sol era motivo de festas e de agradecimentos. O solstício de inverno no hemisfério norte marca o dia mais curto e a noite mais longa do ano. Ocorre em torno do dia 22 de dezembro – em 2007, ocorre às 06h 08min (UTC) deste sábado, dia 22 – e sempre foi motivo de celebração de muitos povos. Era a despedida do sol. Nesta data, o astro-rei estava na sua posição aparente mais distante do hemisfério norte, ele se encontrava sobre o trópico de capricórnio. E agora? O sol voltaria? A partir dessa data, era preparar-se para um longo período sem colheita e esperar ansiosamente o retorno do sol.

Para nós do hemisfério sul, o solstício de inverno de 2007 ocorreu no dia 21 de junho e não teve o significado do mesmo fenômeno para os habitantes terrestres que vivem na metade superior da Terra. Para o nosso homem do campo, é o equinócio de outono que ocorre em 20 ou 21 de março, sempre uma data significativa (dia de São José) que dá sinais (?) de um bom período de chuvas.

Mesmo antes do advento do Cristianismo, a data de 25 de dezembro, sempre associada ao solstício de inverno, era celebrada por cultos pagãos. Os historiadores afirmam que há 4000 anos na Mesopotâmia, prestava-se culto ao sol. Apesar da crença em muitos deuses, os mesopotâmicos, nesta época, homenageavam o deus “Marduk” que se acreditava vencer a cada chegada do inverno, os monstros do caos.

Os persas e os babilônios também festejavam a chegada do solstício de inverno. Os festejos eram chamados de “sacaea” e como parte da celebração, senhores e escravos trocavam de posição. Entre os europeus antigos, temia-se pela volta do sol, após o solstício de inverno. Os rituais e as celebrações visavam sempre a preparação de uma boa acolhida à volta do sol. Na Escandinávia, 35 dias após o solstício, um observador era enviado para as montanhas na tentativa de ver os primeiros sinais da volta do sol. Quando isto acontecia, os festejos se iniciavam em volta de uma fogueira onde se distribuía comida, e maçãs eram amarradas às árvores para lembrar que a primavera e o verão estavam por vir.

Os gregos celebravam o deus “Cronos” que combateria o deus “Zeus” e os seus “Titãs”. Os romanos comemoravam o deus “Saturno” com a “Saturnália” de 17 a 24 de dezembro. Os antigos cristãos desejavam celebrar o nascimento de Cristo com uma data solene e religiosa porém, diferente dos rituais pagãos. O 25 de dezembro era também uma data especial para os persas que adoravam o deus “Mitra” que se acreditava ter vindo do sol.

O mitraísmo foi muito popular entre as legiões romanas e nos primeiros séculos da era cristã, foi importante rival do cristianismo. Dentre os rituais pagãos, aquele dedicado ao deus “Attis”, originário da região de Frígia na Ásia Menor, é o que contém a maior série de coincidências com os cultos do Cristianismo.

Não existem provas do dia exato do nascimento de Cristo. As passagens evangélicas que abordam o assunto não fazem referências à época do ano do nascimento de Jesus (Lucas II – 5-7). Tampouco, o Evangelho menciona dia, mês ou ano do nascimento do Salvador. (Enciclopédia Católica – Vol III). A presença de pastores em vigília com suas ovelhas por essa época (Lucas II-8) é um provável indício que a época do nascimento tenha sido anterior ao inverno. Teria sido durante o outono, próximo à época do jejum dos judeus ou durante a primavera durante a páscoa.

O calendário oficial não somente do Natal, mas de todas as datas religiosas da igreja católica foi estabelecido pelo Papa Júlio I (336-352) no quarto século da nossa era. Em 374, a celebração foi adotada pela Igreja Cristã na Antióquia e por volta do ano 430, em Alexandria. (The New International Dictionary of the Christian Church, p. 223). Para os admiradores do Paganismo, trata-se de uma cópia dos rituais pagãos; para alguns teólogos, as coincidências da celebração do Natal foram propositais e tinham o objetivo de atrair os pagãos para o Cristianismo.

À parte, a polêmica da data, também afetada pelas mudanças de calendários, os homens teriam que encontrar um dia ou um período do ano para confraternização. Historicamente, para os cristãos, foi escolhido o ciclo natalino. Pena é que a data muito influenciada pelo mercantilismo, transformou-se ao longo dos tempos, numa festança com trocas de presentes e freqüentes excessos em bebida e comida em um drástico contraste com o ambiente simples e humilde da Natividade. “… e ela deu à luz seu filho primogênito e o enfaixou e deitou numa manjedoura porque não havia lugar para eles no alojamento”. (Lucas II,7).

  1. Gostei! Muita gente só pensa nos presentes que darão e receberão dos amigos e parentes, e as crianças só prensam em Papai Noel. Todos precisam lembrar que 25 de dezembro foi escolhido para representar o nascimento de Jesus Cristo! Depois, podem pensar nos presentes.

    QUERO APROVEITAR ESSE ESPAÇO, AMIGO AILTON, PARA DESEJAR A TODOS
    UM FELIZ NATAL, E QUE DEUS ESTEJA CONVOSCO.

    Abraços

    Alan

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