INFORMAÇÕES ERRADAS
Ailton Salviano
Erros de informação têm sido comuns nos últimos anos. Equívocos são percebidos em jornais, revistas e em alguns livros didáticos. Sítios na rede mundial de computadores também são fontes de falsas informações. Nesse último caso, a liberdade de inserir qualquer tipo de dado sem o devido cuidado de checar as fontes amplia as probabilidades de afirmações inidôneas.
Para coletar dados na elaboração de um trabalho da disciplina Jornalismo Científico, adquiri uma revista de divulgação de ciências. Após uma leitura rápida ao longo da revista, me detive numa matéria sobre urânio. A escolha não foi algo aleatório. O tema foi selecionado porque trabalhei como prospector de minerais de urânio durante duas décadas e aprendi nesse período, muitos dados sobre esse elemento químico.
Na revista, não havia muitas informações curriculares do autor da matéria, apenas que pertencia à Universidade Federal do Rio de Janeiro. No texto, encontrei alguns absurdos que poderiam passar despercebidos pela maioria dos leitores. Não eram simples lapsos ou pequenos equívocos. Ninguém está imune a erros, porém as afirmações feitas pelo autor, no mínimo, não foram checadas.
O maior agravante é que a revista diz ter o apoio do órgão oficial Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ) na iniciação científica e popularização da ciência. Antes de fazer esse artigo, escrevi para os editores da revista e citei os erros, mas não recebi resposta. Aliás, não existe na revista em apreço, nenhuma seção que admita ou cite erros de edições anteriores, expediente muito comum em publicações dessa natureza.
Eis algumas afirmações erradas que encontrei na matéria de oito páginas sobre urânio:
1) “O urânio é o elemento mais denso que ocorre na natureza.” Essa é uma afirmação absurda. Embora o urânio tenha o mais pesado núcleo atômico natural e seja mais denso que o chumbo, tem densidade inferior aos elementos tungstênio, ouro, plutônio, Netúnio, Rênio, Platina, Irídio e Ósmio. Este sim, o elemento mais denso da natureza.
2) “O urânio não é raro, sendo mais abundante até que tungstênio, mercúrio ou chumbo.” Isso não é verdadeiro. O urânio é mais abundante que o tungstênio e o mercúrio, porém é MENOS abundante que o chumbo. Esse caso requer consulta a parâmetros geoquímicos como “Clarke de concentração”.
3) “Os artesãos usavam esse metal desde o ano 79 a.C. como corante em superfícies de vidro e cerâmica.” Outra informação falsa. Os artesãos do início da era cristã podem ter usado alguns minerais de urânio. Provavelmente os óxidos que possuem cores vivas (há várias ocorrências no Seridó-RN). Jamais poderiam usar o metal. Esse foi isolado 19 séculos depois e não possui propriedades corantes.
Como se vê, certas afirmações em artigos científicos necessitam de paciente checagem. Expressões como “é o maior”, “é o menor”, “é o mais” ou “é o menos” carecem de cuidados especiais com as fontes. Pesquisas realizadas na Internet podem fornecer dados absurdos, principalmente para quem tem poucos conhecimentos sobre o tema.
Por questão de ética, reservo-me o direito de omitir o nome da revista, porém fica o alerta para leitores de publicações científicas dessa natureza – cuidado com as informações, principalmente as numéricas veiculadas por revistas que se dizem divulgadoras das ciências. Ao usar dados dessa procedência, o mais prudente é pesquisar ou checar os valores numéricos em mais de uma fonte.
Edgard Ramalho Dantas
Amigo Ailton:
Muito boa sua matéria.
Como vê está sendo lida por seus amigos.
Entre nós, gostaria de saber a revista “deseducadora” e pouco cientifíca.
Agora, como jornalista, voce vai descobrir que os bons textos são vitímas da falta de revisão, entre outros acidentes…
Estou sempre lendo três revistas de excepcional qualidade, hoje nas bancas, mensalmente: Língua Portuguesa, Piauí e Revista História da Biblioteca Nacional.
Quanto ao Uranio, as pesquisas que faço no saiberespeice, me confirmaram a presença da nata da mineralogia americana no Seridó, Segunda Guerra, explicitado o Projeto Manhattan.
José Antonio de Lima falou a verdade!
Resta confirmar o suprimento de Uranio aos alemães antes de 1942.
EDGARD.
Alan E. Wootton
NO COMMENTS! ABS – ALAN