MÉDICOS DOENTES
Ailton Salviano – Artigo publicado pelo Jornal de Hoje (31.05.2008)
No final de 2007, o Conselho Federal de Medicina publicou um estudo realizado com os médicos de todo o país, cujo resultado surpreendeu e preocupou. A pesquisa contemplou um universo de 7.700 profissionais da medicina. Os índices de transtornos psicológicos e problemas somáticos revelados por esse estudo, superam os valores médios encontrados na população. Em resumo, os médicos estão mais doentes que o povo.
Quase a metade (44%) dos médicos pesquisados apresentava distúrbios psíquicos como depressão ou ansiedade. Mais preocupante é a taxa de 57% daqueles que têm estafa e desânimo no emprego. Mas, os males são também físicos. Um em cada cinco médicos pesquisados sofria de doenças cardíacas, 21,8% sofrem com algum problema no aparelho digestivo e 20% têm alterações no sistema circulatório.
O quadro é grave e indiretamente afeta a saúde pública do país. Como ser tratado por alguém com problemas psicológicos? O normal seria esperar que os indicadores de saúde dessa classe, por motivos óbvios, fossem melhores que os da população. Porém, diversos fatores atuam para que isso não aconteça e entre estes, está o exíguo tempo que o médico dispõe para cuidar da sua própria saúde.
Afligidos por baixos salários, a maioria dos médicos tem mais de um vínculo empregatício para manter um razoável padrão de vida. Em São Paulo, por exemplo, o sindicato da categoria assinala que mais de 82% dos médicos daquele Estado têm três ou mais empregos. Aqui em Natal, segundo a Associação Médica do RN, em abril de 2008, o salário básico de um médico da rede municipal, sem as gratificações, variava de 400 a 600 reais.
Como se não bastasse essa atribulada corrida para dar expediente em diferentes locais, que lembra os periodeutas da Grécia antiga, nos últimos meses, a classe médica potiguar esteve envolvida numa luta, por sinal justa, por melhores salários e condições de trabalho. Foram reivindicações por planos de cargos, ameaças e greves, encontro com deputados, paralisação de plantonistas e uma série de ações que tornaram o clima estressante e que certamente favorecem os sofríveis indicadores de saúde da classe.
Psicologicamente, talvez os médicos possam se sentir imunes às doenças e isto influi em não se submeterem a exames de saúde periódicos como eles aconselham aos seus pacientes. Além de pouco tempo para se cuidarem, os médicos desaprovam o tabagismo, mas há fumantes entre eles; condenam o sedentarismo, porém passam a maior parte do dia sentados e desaconselham a automedicação, mas se automedicam.
Esse esgotamento físico, psíquico e emocional provocado pelo trabalho estressante e excessivo caracteriza a “síndrome de burnout”. Afeta principalmente médicos, enfermeiros, psicólogos, assistentes sociais, policiais e bombeiros. Segundo os psicólogos, ela é decorrente da exaustão emocional, da desumanização e da reduzida realização pessoal no trabalho.
A situação dos médicos preocupa e urge providências dos órgãos competentes como o Ministério da Saúde ou o Conselho Federal de Medicina. Explorados pelos órgãos (sem trocadilho) onde prestam serviços, desvalorizados profissionalmente, eles continuam fiéis ao juramento de Hipócrates, mas não lhes são dado o direito de gozar felizmente da vida e da profissão.
Alan E. Wootton
Meu Amigo Ailton – Artigo interessante, porém médicos são humanos e como tem contato diariamente com doentes, correm mais riscos de ficarem deoentes do que a gente.
Quanto ao “Aqui em Natal, segundo a Associação Médica do RN, em abril de 2008, o salário básico de um médico da rede municipal, sem as gratificações, variava de 400 a 600 reais.”,
creio que devem ler o Diario do Nordeste de hoje:
Médicos atraídos para o interior por altos salários
Garantia total: os municípios optaram por realizar concursos para manter os médicos na cidade (1/6/2008) – Saída de Marinho abre caminho para PimentelNo Brasil existem 26 mil equipes do PSF , e cada uma cuida de 800 a 1,2 mil famílias, mas podem chegar a 5 mil
Pequenas cidades do interior do Brasil estão tentando atrair médicos em troca de uma gorda remuneração que varia de R$ 6 mil a R$ 13 mil reais. O atrativo tem sua razão de ser. Distantes e com pouquíssima infra-estrutura, as Prefeituras precisam manter esses profissionais fixos nos municípios para atuarem no Programa de Saúde da Família (PSF).
A jornada de trabalho é de 40 horas semanais. O atendimento é realizado em Unidades Básicas de Saúde e nas casas dos pacientes. Cada médico é responsável por um número limitado de famílias. O PSF tem verba repassada pelo governo federal para os municípios, que têm autonomia para contratar e remunerar os funcionários.
A cidade de Juvenília, no norte de Minas Gerais divisa com a Bahia, por exemplo, abriu concurso para contratar um médico cirurgião, com salário de R$ 13 mil, dois médicos para o PSF e uma para médico clínico geral, com salários de R$ 11 mil.
Já a prefeitura de Matias Cardoso (MG), às margens do Rio São Francisco, oferece salário de R$ 8 mil para três vagas de médico do PSF. O concurso já tem mais de mil inscritos e a expectativa é de chegar a 2 mil candidatos.
Em Telêmaco Borba (PR) são 12 vagas para médico do PSF, cujo salário é de R$ 8.599,00. Outras cidades com concursos em andamento que oferecem salários altos para médicos do PSF são Tambaú (SP), que abriu uma vaga para médico do PSF com salário de R$ 7,4 mil, e Angra dos Reis (RJ), que oferece 40 vagas para o mesmo cargo, com salário de R$ 6 mil mais produtividade que pode chegar a R$ 2 mil.
No Brasil existem 26 mil equipes do PSF , e cada uma cuida de 800 a 1,2 mil famílias, mas existem casos onde um médico fica responsável por até 5 mil pessoas.
Desde o último dia 28 de maio estão abertas as inscrições para o concurso público da Secretaria de Saúde de Petrolina (PE). São 500 vagas para profissionais que devem compor o quadro das unidades da cidade, como o Hospital de Urgências e Traumas (HUT) que deve ser inaugurado ainda no mês de junho.
Os salários variam de R$ 415 a R$ 5.600, mais remuneração dos plantões extras. Há oportunidades para clínica médica (UTI), urgência e emergência (30), médico anestesista (20), cardiologista (2), cirurgião geral (15), cirurgião plástico (1), cirurgião cardiotoráxico (2), cirurgião vascular (4), medicina de família (50), nefrologista (1), neurologista, neurocirurgião (6), otorrinolaringologista (2), médico radiologia (2), médico regulador (12), traumato-ortopedista (7), médico ultrassonografista (2). As inscrições podem ser feitas até o dia 4 de junho, através da internet, no site http://www.facape.br.
Abraços
Alan