Publicado em O Mossoroense em 02.12.2009

Nossos legisladores, de repente, perceberam que a Rede Mundial de Computadores (Internet) deixara de ser um incipiente meio de comunicação de uma minoria privilegiada para transformar-se em uma poderosa mídia, sem limites de crescimento e cada vez mais ubíqua. Hoje no Brasil, há um universo de 60 milhões de internautas dos mais diferentes níveis socioeconômicos. Óbvio, que a maior parte ainda tem poder aquisitivo acima da média.

Trata-se de um reduto que abriga pessoas de diferentes intenções e que poderá se transformar naturalmente em plataforma política das mais variadas tendências. Embora quantitativamente, possamos nos comparar aos países ditos do Primeiro Mundo, em termos de qualidade, precisamos melhorar. Mesmo assim, há uma grande interrogação sobre que influência a Internet poderá exercer nas eleições brasileiras de 2010.

Ressabiados pelo que houve nas eleições americanas que elegeram Barack Obama, quando redes de relacionamento tipo “Orkut” e “Twitter”, além de mobilizarem comunidades, angariaram fundos para financiamento da campanha, nossos políticos tentaram o impossível – limitar a liberdade da Internet. Primeiro, o grande equívoco de comparar a Rede com as concessões públicas para estações de rádio e televisão.

Limitar as ações da Internet, vejo como um anacronismo sem precedentes. É como desejar restringir as conversas via celular, ou como tentar censurar os papos descontraídos das mesas de botequim. Não adianta impor restrições. Criar um “blog” ou uma página na Internet é facílimo. Há milhares de páginas que orientam passo a passo e sem nenhum custo, confeccionar um “site” pessoal que poderá ser hospedado a um preço simbólico em países situados além do alcance da nossa legislação.

Quando os nossos políticos bradavam sobre a necessidade da “inclusão digital”, havia muito mais demagogia que sinceridade naqueles berros. Certamente, desconheciam o poder avassalador dessa nova ferramenta de comunicação que em apenas 4 anos, após seu início, atingiu 50 milhões de usuários em todo o mundo. Atualmente, passam de um bilhão. A sua velocidade de expansão suplantou a do rádio, TV, microcomputador e do telefone celular. Hoje, nas mais recônditas regiões do planeta, há algum internauta conectado.

De forma semelhante a todos os meios de comunicação, a Internet pode ser usada para diferentes fins. Uma equipe médica sediada nos Estados Unidos poderá dirigir uma cirurgia de uma outra equipe em um país africano. Um empresário, da sua residência, poderá observar detalhes da sua empresa por meio de câmeras de vídeo ligadas à rede. Por outro lado, a rede também pode ser empregada para estimular os instintos pervertidos dos pedófilos ou para invadir computadores pessoais à cata de senhas e de segredos.

Na atualidade, qualquer internauta pode acompanhar o comportamento dos seus representantes nas casas legislativas, inclusive os seus votos, seus gastos e seus pronunciamentos. Pode censura-los ou pedir-lhes explicações por meio do correio eletrônico ou “twitter”. As eleições de 2010 poderão servir de alerta para aqueles que costumam dizer algo para seus eleitores e agir de forma diferente nos bastidores do poder. Nunca na história desse país, o eleitor dispôs de uma ferramenta tão eficaz para conhecer melhor seus parlamentares e se for o caso, varrer os corruptos do cenário político.

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