A primeira eleição a gente sempre esquece
Ailton Salviano
No semestre quando paguei a disciplina Comunicação Política, submeti-me a uma peculiar gincana escolar – aquela tradicional competição em que os concorrentes devem cumprir determinadas tarefas. No caso específico, tratou-se de encontrar e dissecar acontecimentos associados às eleições presidenciais de 1989. Para mim, fatos que convivi, para a maioria dos colegas da jovem turma de jornalismo da UFRN, história.
Dezoito anos após aquelas eleições, o professor, doutor Marcelo Bolshaw conseguiu, com os olhos de Argos, pinçar vídeos, fatos e passagens curiosíssimas que ilustraram aquele pleito. Muitos desses episódios foram plenamente esquecidos pela população. Será que isto se deve à memória curta do brasileiro ou ao turbilhão crescente de notícias que nos chega diariamente pelos meios de comunicação de massa?
Quem será capaz de se lembrar que em 1989, tivemos vinte e dois candidatos à Presidência da República? Pois é, a porteira estava aberta e em nome de uma democracia recém-nascida que se ansiava havia algum tempo, pretensos candidatos, sem nenhuma expressão ou qualificação política, embolaram-se com velhas raposas e tentaram a disputa num cenário de extremo pessimismo em que a esperança era a palavra-chave.
Talvez pela menoridade da Nova República, chavão criado após o regime militar, que se concretizou na transição democrática e nos dias de desespero da enfermidade de Tancredo Neves, muito candidatos associaram suas campanhas à imagem das crianças. E dessa forma, da palavra esperança surgiu criança e daí, um futuro ainda temível pela fragilidade do alicerce democrático e pela péssima imagem dos políticos.
Então, à moda “vinde a mim as criancinhas”, Ulysses Guimarães, candidato do PMDB, apesar do bordão, “bote fé no velhinho”, cercou-se de crianças. E assim fizeram Guilherme Afif que lia cartas de crianças. Mário Covas reuniu-se com os tucaninhos. Leonel Brizola enalteceu os seus CIEPs. Afonso Camargo levou meninos para o horário eleitoral. E as crianças, no imaginário dos políticos, incorporaram a tênue democracia.
O ineditismo e o inusitado estiveram bem presentes numa eleição que não se devia esquecer… e esquecemos. Eis algumas características daquele pleito: eleição solteira (votou-se apenas para presidente), primeira eleição com participação de eleitores com 16 anos, primeira eleição para presidente com urna e apuração eletrônicas. Eleição direta para Presidente após 29 anos. Pleito em que a mídia substituiu os grandes comícios.
A propósito, não falei das propostas e promessas dos candidatos. Essas sim, merecem ser esquecidas! A rigor, nessa área, além da polêmica das privatizações, não houve novidades. Com raríssimas exceções, as teclas foram as mesmas de todas as eleições anteriores e posteriores: casa, comida, escola, trabalho, saúde e segurança. Prevaleceram a troca de denúncias e a apelação para a popularidade dos artistas da TV.
Enjôlras
Neste próximo ano iremos combinar um memorável encontro dos 40 anos de graduação em geologia. Coincidirá, espero, com a sua formatura em Jornalismo (com letra maiúscula).
Enjôlras
Espero que esteja enviando seus artigos aos nossos colegas de turma.
Enjôlras
Enjôlras
Acredito que um bom tema para voce fazer uma análise crítica é a derrocada da ética e do decoro pelos componentes do senado federal(com letras minúsculas) com a recente absolvição do renan (também com letras minúsculas). O governo e o parlamento se completam, no pior sentido da palavra.
Neste seu último (mais recente) artigo voce toca em um assunto que creio, deveria ser tratado com maior profundidade. Voce tem talento para isto.
Abs. Enjôlras
Arthur Tavares Cortês
Hahahahah! Né isso Júlio! (li o post de cima). E as promessas que você salientou, amigo Ailton, servem também para fundamentar o post do último texto seu: saúde, educação, segurança, comida… enfim, tudo que possa beneficiar individualmente. Grandes projetos coletivos, estes sim, estão em falta, mas apelar ao individualismo (ou generalismo) é o que todos sabem fazer. Êta país sem argamassa! E essa disciplina entrará para a história…
Julio
Ailton, vc inda ta com a memoria boa das aulas do Encantador de serpentes ne ,hauhauha, mto legal seu artigo!!
Ate mais!!
Alan E. Wootton
Ailton, Meu Amigo – Estou decepcionado com este artigo seu.
Nem falou do Presidente Eleito, Meu Amigo – Fernando Collor de Mello PRN 22.611.011 votos 28,52%! Porque? Abraços – Alan