CPMF – UM IMPOSTO VERGONHOSO
Ailton Salviano
Vejam as cenas dos hospitais públicos de Pernambuco e Alagoas para citar apenas dois exemplos. Como disse muito bem Gabeira, mais parece enfermaria de guerra. Agora pasmem. Imune a esses quadros de penúria, governo e políticos movimentam-se para aprovar a prorrogação da CPMF, uma contribuição criada para salvar a saúde pública brasileira.
Dissimulada numa pomposa denominação original – Contribuição Provisória sobre a Movimentação ou Transmissão de Valores e de Créditos e Direitos de Natureza Financeira ou simplesmente, CPMF – está um tributo vergonhoso que reflete muito bem o famigerado “jeitinho brasileiro”. A mezinha que viria para atenuar os problemas da saúde pública, após quatorze anos de cobrança e centenas de mortos sem assistência, transformou-se em poderoso instrumento de barganha política.
A sociedade brasileira, que em 1994, recebeu goela baixo aquela diminuta contribuição, assistiu passivamente, ao longo desse último decênio, ao tributo crescer, quase duplicar – passou de 0,20% para 0,38% – e jamais ser empregado nos objetivos a que se propunha quando concebido e aprovado. Quanta distorção e maldade fizeram com a idéia do Dr. Adib Jatene!
O popular “imposto sobre o cheque”, pejorativamente denominado “tributo vampiro”, alimenta-se também do suor do brasileiro e de gota em gota, acumula anualmente fabulosas quantias nos cofres públicos. Foram 32 bilhões de reais em 2006 e alcançará 35 bilhões em 2007 (Folha de SP). A perpetuação dessa indigesta galinha de ouro para o contribuinte é feita graças a recorrentes emendas constitucionais (021/1999, 031/2000, 037/2002, 042/2003) que alteraram e acrescentaram artigos à lei original.
Em tempo hábil, o governo federal, patrão desse tributo, precisa da aprovação de mais uma emenda. É no afã dessa aprovação que entra a infame barganha política. Nesse torvelinho de interesses, a anistia a corruptos poderá tornar-se em influente moeda de lastro. Como das vezes anteriores, governadores e prefeitos estão sequiosos para tomar parte desse banquete custeado pelo espoliado contribuinte brasileiro.
E pensar que o governo federal que aí está era peremptoriamente contra a cobrança desse imposto. Analisem essa eloqüente expressão de um assessor da bancada do PT na Assembléia Legislativa de Porto Alegre (RS), em 23.10.1997, quando se discutia a primeira prorrogação da CPMF:
“Neste contexto, a proposta de prorrogação da CPMF para até 1999 não merece o menor crédito. A manutenção de um imposto injusto que é utilizado de maneira imoral e inconstitucional faz a feição do condomínio conservador que governa o país, mas é indigesta para a maioria da população que paga a conta para ser conduzida ao descalabro”.
(Conf. Nacional de Saúde On-Line – www.datasus.gov.br/cns)
Por mais dinâmica que seja a política, é difícil aceitar razões para tamanha guinada de opinião. Que aconteceu com o partido ora no poder? O tempo fê-lo mudar ou o próprio poder?
Antonio J. Barbosa
Este vergonhoso imposto está, presentemente, sendo defendido pelo Ganso.
Abs. Barbosa
Alan E. Wootton
A cobrança da CPMF é uma vergonha. Criada com a finalidade de melhorar a área da saúde que continua um caos.Não tem adjetivo que qualifique tamanho abuso. Há de ser dado um basta nesta situação.
Não acredito que seu bem elaborado artigo pode alterar algo, porém os meus parabéns, Ailton
Abraços
Alan
admin
E o povo aceita essa vergonha pacificamente. O presidente que era radicalmente contra esse imposto, agora diz que é impossível governar sem a CPMF. Quanta insensatez!!!
Parabéns pelo elaborado artigo.
Abs.
Pedro Alcântara