Ailton Salviano

Desde quando surgiu, o dinheiro sempre esteve associado à riqueza. Ao contrário, pobreza normalmente é a carência do dinheiro. Horácio, poeta latino, provavelmente pela sua origem humilde (filho de escravos) na sua Ode VII já nos brindava com a célebre expressão aurea mediocritas exaltando a condição nem rica nem pobre da classe média viver.

Se considerarmos riqueza como fonte de bens morais e materiais, não poderemos atingi-la apenas através da abundância, da fartura ou da opulência. Nelson Rodrigues, certa vez, disse: “dinheiro compra até amor verdadeiro!” Sim, pode até comprar, mas não adquire honradez, caráter, honestidade, sabedoria, inteligência, bom-senso, vergonha, probidade e outros atributos inerentes às pessoas virtuosas.

Em suma, a riqueza não é feita só de dinheiro. Alguns pseudo-ricos poderão até discordar e aí está a prova patente da mensagem de Horácio e do tema deste artigo.

Nos meus tempos de criança, ouvi muito uma canção que dizia: Pobre menino rico da zona sul da cidade… Não se tratava de uma apologia à pobreza mas falava principalmente, da carência de felicidade, um dos atributos dos ricos de apenas, dinheiro.

A mídia bombardeia-nos a todo instante com ofertas de dinheiro fácil, todavia, ninguém nos oferece talento, coragem, dignidade, retidão, brio, mesmo a alto custo.

O vil metal no seu amplo mimetismo designativo adquire variadíssimas denominações conforme a condição do seu portador ou da sua finalidade. Dessa forma, para o religioso é óbolo; para o mendigo, esmola; para o profissional, provento; para o servente, gorjeta; para o corrupto, suborno; para o militar, soldo; para o advogado, honorário; para o economista, receita; para o trabalhador, salário; para o fiscal, tributo; para o trabalhador avulso, biscate; para o político, verba; para o poupador, pecúlio; para os filhos, mesada; para o vendedor, féria; para o industrial investidor, capital, e assim, tem sido o grande mal e paradoxalmente, o grande bem da humanidade.

Aliás, no Brasil não existe nenhum interesse de preservar o nome do dinheiro. Assim, já tivemos nos últimos 65 anos, réis, cruzeiro, cruzeiro novo, cruzado, cruzado novo, cruzeiro real e real.

A grana nossa de cada dia, produto da evolução do escambo, originalmente foi sal (daí salário), gado = pecus em Latin, (daí pecúlio, pecuniário), cacau, açúcar, fumo, pano, cortiça etc., não teve um inventor; surgiu da necessidade dos povos.

O tradicional cifrão ($) que teve as suas origens na representação gráfica dos caminhos tortuosos do general Tariq na invasão da Península Ibérica acrescida das duas linhas paralelas verticais (os editores de texto mostram apenas uma) que simbolizam as colunas de Hércules, é erroneamente, interpretado como símbolo de poder e de força.

Tio Patinhas pode ser o personagem de Disney com mais dinheiro, porém o professor Pardal é mais rico de idéias! Este é apenas um pequeno exemplo das nossas primeiras leituras.

E para concluir, esta máxima de um anônimo autor: “O dinheiro pode comprar uma cama, mas não o sono; livros, mas não a inteligência; alimentos, mas não o apetite; uma casa, mas não um lar; medicamentos, mas não a saúde; luxos, mas não a cultura; divertimentos, mas não a felicidade; um passaporte para qualquer lugar, jamais para o Paraíso.

  1. Não jogas bola de meia,
    não sabes jogar pião,
    não podes pisar descalço,
    a terra seca do chão.

    De verso em verso, você vai reconstituir toda a letra.
    Julio.

  2. Vi que o seu texto faz menção a uma música que possui o seguinte trecho: “pobre menino rico, da zona sul da cidade…” e eu poderia prosseguir… “embora tenhas de tudo, não tens a felicidade…”. Cresci ouvindo meu pai cantar essa canção e gostaria muito de saber a autoria e principalmente conseguir a letra completa. Caso o Sr. tenha alguma informação neste sentido, por favor, me encaminhe.

Deixe um comentário to Alan E. Wootton Cancele seu comentário

O seu endereço de email não será publicado Campos obrigatórios são marcados *

Você pode usar HTML tags e atributos:

<a href="" title=""> <abbr title=""> <acronym title=""> <b> <blockquote cite=""> <cite> <code> <del datetime=""> <em> <i> <q cite=""> <s> <strike> <strong>