O BAIXINHO DA BÍBLIA
Ailton Salviano – Geólogo, Professor, Pesquisador.

A bíblia, o livro dos livros, tem sido ao longo dos tempos, fonte de ensinamentos para todos. Os seus personagens, com muita frequência, são usados como termos referenciais e comparativos, exemplificando muitas histórias. Todos já ouvimos comparar-se alguém muito velho com Matusalém, ou quando alguém fisicamente fraco enfrenta outro mais forte e vence, com a história de Davi e Golias, ou ainda, alguém de bons conhecimentos com a sabedoria de Salomão e assim por diante. Um novato em uma atividade qualquer pode ser chamado de Benjamin, o mais moço dos filhos de Jacó. Um pobretão é sempre comparado com a figura paupérrima de Jó.
Às vezes, ponho-me a ler algumas passagens bíblicas buscando lições e ensinamentos. Certo dia, lendo o evangelista Lucas, deparei-me com a história de Zaqueu, o publicano convertido. Este era um homem rico da comunidade de Jericó e para ver Jesus diante daquela multidão teve que subir em um sicômoro (grande árvore que dá a sâmara). Zaqueu era baixinho.
No nosso quotidiano atual, jamais ouvi falar de alguém por ter baixa estatura, ser comparado a Zaqueu e quantos baixinhos fizeram história! Na pintura, o mestre francês Henri de TOULOUSE-LAUTREC que viveu no século XIX. No cinema, além de o incomparável Charles Chaplin e seu personagem inconfundível, CARLITOS, existe uma plêiade de atores famosos, todos de baixa estatura: Danny De Vitto (1,52m), Duddley Moore (1,58m), Mickey Rooney (1,61m), Michael J. Fox (1,64m), Humphrey Bogart (1,64m), Al Pacino (1,67m) e Dustin Hoffman (1,67m).
No nosso discurso, a figura imbatível de Ruy Barbosa. Tivemos ainda no nosso teatro e cinema, o inesquecível Grande Otelo. E no esporte? Bem, no esporte foram muitos os baixinhos que compensaram com inteligência, argúcia e rapidez de raciocínio o estorvo da baixa estatura.
No futebol do Rio Grande do Norte, havia Jorge Tavares, o Jorginho, craque do ABC dos anos 50, ícone da minha infância que jogava mais que muitos pernas-de-pau que despontam no futebol de hoje. Em âmbito nacional, tivemos Romário.
Os tipos brevilíneos abundam com destaque em todas as atividades humanas no Brasil. Sem querer entrar em choque com a classificação biotipológica do psicólogo alemão Krestschmer, embora seja difícil ter com exatidão as suas estaturas, podem ser considerados tipos pícnicos ou brevilíneos, Euclides da Cunha, Darcy Ribeiro, Monteiro Lobato, Câmara Cascudo, Gilberto Freire, Machado de Assis, Castro Alves, Olavo Bilac, Getúlio Vargas, Glauber Rocha dentre outros. Na História Universal, dois tipos merecem destaque: Napo-leão Bonaparte e Mahatma Ghandi.
Nenhum deles foi comparado a Zaqueu. Talvez a sutileza do trecho bíblico não te-nha despertado a curiosidade do leitor. Porém, lá está bem claro no Evangelho de Lucas, a história da conversão de Zaqueu, o publicano de baixa estatura, no capítulo 19, versículos 1 a 10.

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