O processo de envelhecimento progressivo a que está submetida a população mundial atinge também o Rio Grande do Norte. Os números dos últimos censos demográficos comprovam esse fato. No censo de 1991, o Estado possuía 200 mil habitantes com idade superior a 60 anos. Esse valor correspondia a 8,2% da população total de 2.415.567.

No ano 2000 a população potiguar passou para 2.776.782 e o universo de idosos com mais de 60 anos saltou para 250 mil ou 9,0% do total. Segundo o IBGE, com base em estimativas realizadas no período, a tendência é que o censo em execução apresente uma população idosa maior.

No início do século 20, quando a expectativa de vida do brasileiro não chegava aos 40 anos, atingir a idade sexagenária era raro. As pessoas que alcançavam essa idade, até os últimos anos do século passado, enfrentavam uma velhice inativa, com acúmulo de problemas de saúde. Esse quadro começou a mudar nos últimos anos do século 20 quando o fenômeno do envelhecimento da população tornou-se realidade.

FECUNDIDADE

A eficácia com que se combatem as doenças da idade associada a alguns parâmetros demográficos foram fatores responsáveis pelo crescimento da população idosa. A taxa de fecundidade ou o número de filhos que uma mulher teria no final da sua idade reprodutiva era 6,2 em 1940, caiu para 2,3 no ano 2000. A mortalidade total ou o número de pessoas que morrem por 1000 habitantes em cada ano apresentou um declínio na última metade do século 20. Esse índice era de 21 pessoas em 1950 e chegou a 6,9 no final do século.

Ao mesmo tempo em que a esperança de vida é considerada pela sociedade uma conquista, apresenta-se também como um grande desafio quando são analisadas suas implicações socioeconômicas. A repercussão dessa revolução demográfica vai desde a integração do idoso à comunidade, passa pela sua saúde e chega à organização e manutenção da família.

Em janeiro de 1994, o então presidente da República, Itamar Franco, ao sancionar a Lei Nº 8842, criou o Conselho Nacional do Idoso. Consolidava-se uma reivindicação que envolveu vários segmentos da sociedade representada por aposentados, profissionais da geriatria, docentes universitários e entidades de classe. O documento criou e estabeleceu normas para os direitos sociais dos idosos ao gerar condições capazes de promover as suas autonomia, integração e participação efetiva na sociedade.

Em 1999, pela portaria do Ministério da Saúde (MS-1395/99) foi editada a Política Nacional da Saúde do Idoso. Esses direitos tornaram-se assegurados às pessoas com idade igual ou superior a 60 anos com o advento do Estatuto do Idoso, instituído pela Lei Nº 10.741 sancionada em 01/10/2003.

BRASIL ENVELHECE SEM ENRIQUECER, SEGUNDO A OMS

Em 2000, o mundo tinha uma população em torno dos seis bilhões de habitantes. As projeções realizadas pela ONU indicam uma população de nove bilhões em 2050. Nesse meio século, a população de idosos no mundo passará de 600 milhões para dois bilhões. Apenas nos países em desenvolvimento o contingente de idosos será de 1,7 bilhão. Essa realidade levou os governantes de muitos países repensarem suas políticas sociais. As ações visam o aumento da população economicamente ativa, reformas previdenciárias e a participação dos idosos na sociedade e no mercado de trabalho.

Segundo o chefe do Programa de Envelhecimento e Saúde da Organização Mundial de Saúde (OMS), Alexandre Kalache, “o desafio brasileiro torna-se maior porque enquanto os países do Primeiro Mundo enriqueceram para depois envelhecer; nós brasileiros enfrentamos um franco e rápido processo de envelhecimento sem ainda sermos ricos”.

Kalache, em entrevista recente a uma revista semanal brasileira, prevê que em 40 anos o Brasil terá os mesmos problemas demográficos encarados hoje por países como a Itália e o Japão. A Organização Mundial de Saúde orienta os países na implementação de políticas capazes de assegurar um envelhecimento participativo e saudável. Entre essas sugestões destacam-se o acesso a serviços básicos de saúde e a garantia de uma renda mínima. No Brasil foi implantada uma rede de centros de saúde e uma aposentadoria não contributiva. O próximo passo seria adequar esse atendimento básico de saúde à população idosa.

JUVINO E ARPI: ASSISTÊNCIA

O Instituto Juvino Barreto (IJB) é o pioneiro na assistência ao idoso em Natal. Foi criado em 1942 quando a cidade recebeu grande corrente migratória do interior. Segundo a assistente social Maria do Carmo Fernandes Araújo que trabalha no IJB, “os primeiros abrigados eram pessoas humildes que fugiram da seca e vieram tentar a vida na capital. Aqui muitos se dedicavam à mendicância”, ressalta.

“Esse pessoal que dormia nas ruas de Natal durante a Segunda Grande Guerra tocou a sensibilidade de duas irmãs que recolhiam esses mendigos e os abrigavam em uma pequena casa na antiga Avenida 2 (atual Presidente Bandeira) com a Avenida 9 (atual Coronel Estevam), daí o primeiro nome: abrigo. Graças à doação de um terreno, houve a mudança para a Avenida Alexandrino Alencar onde funciona até hoje”.

O IJB possui 100 funcionários e participações voluntárias para atender como meta, 100 idosos em caráter permanente e que têm alimentação, vestimenta, remédios, fisioterapia e assistência médica. Não é um órgão público. Trata-se de uma instituição filantrópica de caráter assistencial, sem fins lucrativos e mantido por doações federal, estadual e municipal. Pertence à Congregação São Vicente de Paulo. Maria do Carmo diz que um importante complemento da fonte de rendas para manutenção do instituto vem das penas alternativas impostas pela Justiça, como cestas básicas, dias de trabalho e dinheiro.

A Associação Riograndense Pró-idosos (ARPI), localizada na Avenida Presidente José Bento (antiga Avenida 3), é uma Organização Não Governamental que congrega mais de mil idosos. Foi fundada em agosto de 1988. É reconhecida de utilidade pública por leis municipal (Nº 3962) e estadual (Nº 7235). Mantém-se com um Fundo Federal, além de contribuições estadual e municipal, e uma irrisória mensalidade dos sócios recreativos. Tem um vasto elenco de atividades como hidroginástica, cursos, coral, passeios e recreações.

A entidade, segundo a coordenadora Nazilda Maria Dutra Bezerra, tem sido um baluarte na luta por alguns pleitos como o passe-livre do idoso conseguido no III Fórum Nacional da Assistência Social realizado em Belém (PA) em 1990. “Por conta do seu grande quadro social, a associação é alvo de visitas de muitos políticos na véspera de eleições”. A diretoria da ARPI, segundo Nazilda Bezerra, aceita discutir programas pró-idosos, mas não permite a distribuição de santinhos e presentes com fins eleitoreiros.

SEU JUCA, 105 ANOS, AINDA VAI AO TRABALHO

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João Paulo de Souza, seu “Juca”, mesmo aos 105 anos faz questão de ir diariamente à empresa da família, onde conversa com clientes e funcionários

“Saúde é bem estar físico, social e mental”

Um fator comum encontrado em todas as explicações para o segredo da longevidade é o aspecto social. Os geriatras afirmam que o estilo de vida com intensa participação social influi na longevidade das pessoas. O especialista em Geriatria e Gerontologia, Francisco Arnaud de Oliveira Melo, diz que “a saúde, independente da idade, é o bem-estar físico, social e mental”.

Segundo Arnaud, esses fatores também são extensivos aos idosos. Evitar o sedentarismo e ser acompanhado preventivamente no caso de doenças como diabetes e hipertensão pode prolongar a vida de forma saudável. As principais enfermidades que afetam os idosos são as cardiovasculares, as depressões, ansiedade e as osteoarticulares. “O avanço da medicina nos últimos anos tem sido importante para o aumento da longevidade, principalmente as campanhas de vacinação e o tratamento eficaz de doenças infecto contagiosas”, explica o geriatra.

Para a nutricionista com especialização em Segurança Alimentar do Departamento de Nutrição (UFRN), Célia Márcia Medeiros de Morais, “a melhoria da qualidade da alimentação é um dos fatores responsáveis pela longevidade”. Afirma também que “a qualidade da alimentação contemporânea tem duas faces: por um lado as pessoas passaram a ter mais ofertas de alimentos o que impossibilita a desnutrição; de outro, há produtos de qualidade discutível. Os maus hábitos alimentares – ingestão de gorduras saturadas, grande quantidade de doces e sal – associados à falta de atividade física podem não afetar as pessoas precocemente, mas reduz a qualidade de vida a partir dos 40 anos”.

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Geriatra Francisco Arnaud defende maior participação social do idoso

Estatuto nem sempre é respeitado

Os países do oriente como Japão e China valorizam os idosos pelo que contribuíram para o desenvolvimento da nação e pelo conhecimento que adquiriram no decorrer da vida. No ocidente é comum que eles sejam discriminados. A psicóloga Maura Vilar , que trabalhou com idosos durante quinze anos, afirma: “Ao contrário do que se costuma pensar, os idosos assumem atitudes que quase sempre são mais construtivas e positivas e estão longe de serem pessimistas e prejudiciais”.

No processo de envelhecimento físico, diversas mudanças psicológicas também ocorrem. Os idosos tendem a perder confiança, se isolam e isto muitas vezes está ligado a casos de humilhação, agressão e discriminação. Segundo Vilar, “o envelhecimento deve ser encarado com naturalidade. Se o jovem tiver isto em mente e possuir uma boa auto-estima, ele provavelmente será um idoso feliz”.

Uma pesquisa realizada em abril de 2006 pela Fundação Perseu Abramo e o Sesc concluiu que 35% dos idosos do país, ou seja, 3 em cada 10, sofreram algum tipo de agressão. Foram entrevistadas 3.144 pessoas em 204 municípios. Em Natal, casos de desrespeito ao idoso também são comuns. De acordo com aposentada Fátima Tavares, 71, que regularmente utiliza ônibus, alguns motoristas não param quando o idoso dá sinal. “Eles reduzem a velocidade, mas quando vêem que sou idosa, passam direto. Fico triste por alguns deles não respeitarem esse direito nosso”, disse.

O Estatuto do Idoso diz em seu artigo 2º que “o idoso goza de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana (…)”; no artigo 3º, inciso IV da Constituição Federal do Brasil está explícito que o Estado deve promover o bem de todos, sem preconceito ou discriminação devido à idade. “Eu gosto da minha liberdade. Quero ser respeitada, não que me tratem diferente”, disse Nazaré Montenegro, que tem 79 anos e espera viver até os 110.

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No lugar do ócio, uma roda de samba toda semana reúne grupo na ARPI

Esta reportagem foi produzida pelos seguintes alunos da disciplina – REPORTAGEM, PESQUISA E ENTREVISTA – ministrada pelo Prof. Dr. GÉRSON MARTINS, do Curso de Jornalismo (UFRN):
AILTON SALVIANO
ARTHUR CORTÊS
ILO ARANHA
PEDRO MIGUEL
JÚLIO CÉSAR LIMA
THIAGO MARINHO

  1. eu gostaria de fazer um apelo, existe um idoso que vive em natal no bairro da redinha ele esta sozinho e doente sua familia esta no japao ele tem 3 ilhos, ele esta muito doente e foi pedido para pessoas tomarem conta dele mas ele acabou sozinho e parece que esta vivendo em condicoes precarias ele tem obenifcio do inss, mas pelo o que eu sei esse dinheiro lhe e tirado todos os meses, por favor se existe um meio de voces ajudarem a colocar ele em um asilo alguma instituicao que aceite idosos com aposentadoria, por favor me ajudem ele e um ser humano que esta sofrendo muito se alguem puder fazer algo por ele entre em contato comigo, ou pelo menos denunciem a assistencia social, o nome dele e mario oshima e o seu endereco e rua do cruzeiro 594; ele nao tem telefone esse e um dos motivos que seus filhos nao conseguem falar, ele e separado desde que seus filhos eram pequenos. por favor me ajudem a salva-lo, eu procuro varias madeiras de ajuda-lo mas nunca consigo eu estou muito longe, eu eu vi o site de voces e achei tao verdadeiro que senti uma esperanca de que algo pode mudar para ele.o meu mail e jm250173@yahoo.com.br, me respondam por favor

  2. IZABEL RODRIGUES DE SOUSA ALVES

    SOU IZABEL, GOSTO MUITO DE TRABALHAR COM IDOSOS. jÁ DESENVOLVI UM PROJETO NA UNIVERSIDADE ABERTA A TERCEIRA IDADE NA UEFS- FEIRA DE SANTANA -BA.
    ESTOU ORGANIZANDO UMA PALESTRA P/ COM AS MULHERES NA TERCEIRA IDADE COM O TEMA ” A IMPORTANCIA DA MULHER NA TERCEIRA IDADE”.
    JÁ PESQUISEI BASTANTE MAS, O CONTEUDO ENCONTRADO É MUITO POUCO.
    GOSTARIA QUE SE HOUVESSE A POSSIBILIDADE DE FORMECER-ME ALGO RELACIONADO, EU FICARIA GRATA! DESDE JÁ OBRIGADA!

  3. gostaria de ver a foto da RAINHA DE CARNAVAL 2008, da ARPI, já ouvi falar muito desta rainha, pela sua simpatia, alegria…, são pessoas assim q precisamos para compor estas associações.
    mto grato.

  4. Ailton

    Estou vendo que começou com o Pé Direito. Excelente matéria. Um pouco egoista, pois trata do próprio grupo ,mas perdoável por ser a primeira.
    Forte abraço
    Eliezer

  5. Realmente, o grupo está de parabéns! Existe uma grande diferencia entre Velhos e Idosos. Eu sou Idoso com 80 anos, porém me sinto como se tivesse 60.
    Quero chegar aos meus 105 se terei tanto disposição do Seu Juca, 105 Anos, que ainda vai ao trabalho!
    Abraços
    Alan

  6. O grupo está de parabéns. O tema é atual e foi abordado sob diferentes ângulos. Os óbvios deslizes são dispensáveis se considerarmos a condição de neófitos dos alunos. A iniciativa do professor e a aceitação dos nossos órgãos de imprensa merecem também elogios.
    Ailton

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