Não se trata do condenável “jeitinho brasileiro”. É pura desobediência. A inobservância de avisos, normas, regulamentos, leis ou a recusa em acatar ordens, comandos, preceitos são hábitos que estão definitivamente arraigados ao espírito do brasileiro. Não importa se o próprio desobediente vai arcar com os prejuízos. Poucos se incomodam com os danos que causam ou as perdas que sofrem.
Eis alguns fatos que comprovam as afirmações acima:
 Interior de São Paulo. Uma represa particular no interior de área bastante arborizada. Várias placas chamam a atenção para quem por ali transita. Em português claro e legível – “PERIGO DE MORTE – Proibido Nadar”. Sem dar o mínimo de atenção para as advertências das placas, cinco jovens decidem nadar nas águas da represa. Resultado: quatro morreram afogados.
 Rio de Janeiro – Linha amarela. Três dias antes do fato anterior. Um caminhão basculante trafega em alta velocidade pela linha expressa com a caçamba erguida. Resultado: uma passarela de pedestre derrubada e cinco vítimas fatais, além de outras tantas feridas. Agora vejam as inobservâncias do motorista:
– trafegava na via em horário proibido para caminhões; (placas informavam).
– o caminhão estava com a caçamba erguida;
– a velocidade estava acima da permitida; (85 km/h)
– o motorista falava ao celular no momento do acidente.
Outras infrações menores abundam no nosso dia a dia. Há poucos dias, uma senhora reclamava desesperadamente à entrada de um supermercado aqui de Natal. Aproximou-se do grupo de clientes de uma loja de café do qual eu fazia parte e reclamou:
 Estou com papai que é cadeirante no meu carro e não encontro nenhuma vaga no estacionamento aqui perto da entrada. Todas as vagas estão ocupadas. Uma inclusive pelo gerente do supermercado. Um dos nossos amigos assumiu o problema da senhora. Chamou os seguranças e com eles se dirigiu ao estacionamento. Logo, o movimento de pessoas chamou atenção. Resultado: em poucos minutos, surgiram quatro vagas para cadeirantes. Os espertinhos que eram pessoas sem deficiência, cheios de vergonha, retiraram seus veículos impropriamente estacionados.
Na Avenida Antônio Basílio, proximidades do Hospital da Unimed em Natal, a autoridade de trânsito foi bem enfática. Foi muito além da usual placa de estacionamento proibido. Numa grande placa azul com letras que já começaram a desbotar está grafado o artigo do Código de Trânsito que proíbe estacionar naquele local. Há inclusive, o valor da multa. Esforço debalde! Todas os dias dezenas de veículos estacionam indevidamente naquele local e o que é mais revoltante, bem defronte à referida placa.
Na mesma avenida, próximo ao cruzamento com a Av. Prudente de Morais, há alguns dias, às custas da Prefeitura, foi retirado todo o lixo do canteiro central, e o meio-fio foi refeito e pintado. No dia seguinte, ao passar pelo local, vejo um veículo 4X4, dirigido por um senhor grisalho, quebrar o meio-fio ao tentar fazer um retorno proibido sobre o canteiro central da avenida. Deu apenas para indignar-se. Há muito desisti de interceder. As vezes que assim o fiz, fui xingado e desacatado.
É triste dizer e observar que existe uma desobediência generalizada. Na porta do elevador do prédio em que resido, existe um aviso em destaque que pede para os senhores pais evitarem crianças menores de 10 anos usarem sozinhas o elevador. Ninguém cumpre. Avisos como “Não bote lixo aqui”, “É proibido fumar”, “É proibida a entrada de estranhos”, “Reservado para cadeirantes”. Simplesmente, poucos obedecem!

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