Na tarde da última quinta-feira, (20.03.2014), circulou nos sítios dos principais jornais do mundo a notícia que na Califórnia (EUA), o jornal Los Angeles Times usou um computador para divulgar a ocorrência de um terremoto que acontecera na cidade às 6h25min da segunda feira (17.03.14). A notícia estava preparada para ser veiculada, 3 minutos após a ocorrência do sismo de 4,4 graus na escala Richter que abalara a cidade.
Qualquer pessoa pode se cadastrar gratuitamente no Serviço Geológico dos Estados Unidos (United States Geological Survey – USGS) para receber informações sobre a ocorrência de terremotos em todo o mundo. Tenho cadastro naquela instituição e recebo diariamente, via correio eletrônico, informações de terremotos com intensidade acima de 6 graus na escala Richter ocorridos em qualquer parte do mundo.
As informações enviadas pela USGS dizem respeito à intensidade, localização, epicentro, efeitos e geralmente chegam à caixa de correspondência eletrônica alguns minutos após acontecer o sismo em qualquer parte do planeta. Isto significa uma notícia em primeiríssima mão que a maioria da mídia divulgará horas depois. O interessado em cadastrar-se pode escolher o país, a região que lhe interessa e a intensidade do terremoto.
Obviamente, os principais órgãos da imprensa americana são cadastrados neste serviço. O que o jornalista do Los Angeles Times, responsável pela notícia, fez usando a sua condição de programador, foi elaborar um algoritmo (sequência lógica de regras) que após receber a notícia por e-mail da USGS prepara um pequeno texto sobre o sismo. Aparentemente, a operação é bastante simples e está ao alcance de qualquer jornal que use sistema de computadores na redação.
A expressão “robô jornalista”, como a mídia citou o fato, foi um tanto exagerada, isto porque, na realidade, o computador prepara o texto baseado segundo um algoritmo que segue um formato previamente elaborado e sem a participação humana. De forma análoga, isto pode ser feito com notícias de quaisquer naturezas. No caso do jornal americano, quando o jornalista acordou com o tremor de terra, o texto já estava feito no sistema e foi publicado na internet três minutos após o terremoto.
Este fato ainda não representa uma ameaça à profissão de jornalista. Mesmo nos países mais avançados tecnologicamente, está muito distante o dia em que a máquina substituirá totalmente, nesta área, o humano. O repórter ainda é insubstituível na busca da notícia. Esta profissão que envolve algumas características humanas como percepção, criatividade e inteligência social consideradas difíceis de superação pelas máquinas, reinará ainda alguns anos sem a automação integral.
Recentemente, dois pesquisadores da Universidade de Oxford (EUA), após analisarem mais de 700 atividades profissionais, elaboraram uma tabela de risco de substituição do humano pela máquina. Estabeleceram índices de risco de zero a 100%. As profissões com índices próximos ao zero têm menos possibilidades de ter humanos substituídos por máquinas. Nesta tabela, a profissão de jornalista tem 11%, o que representa pouco ameaçada.

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