Diógenes de Sínope, conhecido também por “Diógenes – o cínico”, foi um filósofo grego que nasceu numa colônia jônica (Sínope) situada na costa do Mar Negro, hoje território da Turquia. Ao mudar-se para Atenas, viveu na extrema pobreza (século IV antes de Cristo). Dizem que a sua casa era um barril de madeira. Foi discípulo de Antístenes que por sua vez era pupilo de Sócrates. Porém, o mais importante da vida de Diógenes para a elaboração deste artigo foi uma sua tirada que passou para a história.

Dizem que Diógenes perambulava pelas ruas de Atenas conduzindo uma lanterna acesa em plena luz do dia. Indagado por populares sobre a lanterna, respondeu: “Procuro um homem honesto!” Se vivo fosse nos dias atuais, Diógenes teria que andar muito para conseguir o seu intento. Enquanto isso, aqui no nosso Pindorama, há seis semanas, vivemos um fato histórico na nossa Suprema Corte. Trata-se, segundo o Procurador Geral da República, do julgamento do maior escândalo político da vida republicana do país.

No cerne desse julgamento está, sem dúvida, a desonestidade. Não importa a ginástica de semântica usada no tribunal para com eufemismos, denominar quem facilitou a saída de dinheiro público, quem pegou, quem lavou, quem desviou, quem usufruiu, quem enganou. Desde que se entende desonestidade como “ato que atenta contra a moral ou ofende o pudor, falta de probidade no trato de coisa alheia, falseamento da verdade, insinceridade, má-fé”. Em todos os meandros do vasto processo, a erva daninha é a desonestidade.

Aliás, nestes tempos de pré-eleição, desfila de forma insistente nos órgãos de comunicação, um grupo de candidatos às câmaras municipais e às prefeituras. Tem para todos os gostos. Poetas, professores, parasitas, palhaços, perniciosos, picaretas, para ficar somente na letra “p”. Protegidos por uma lei eleitoral esdrúxula, a obrigatoriedade do horário eleitoral permite aos candidatos dizerem as maiores aberrações que se pode imaginar. Claro, escuta quem quer. Mas, será que essas campanhas absurdas e instantâneas rendem algum voto?

Nas velhas campanhas eleitorais, uma palavra de ordem estava presente na maioria dos “slogans” políticos – HONESTIDADE. Óbvio que os políticos de antanho não eram mais honestos que os atuais, mas, pelo menos, transpareciam ser. Eram comuns chavões como: “Honestidade e Trabalho”. “Honestidade e Ação”. “Honra e Honestidade” etc. Na atualidade, o caráter ou o atributo de ser honesto parece uma propriedade ultrapassada, fora de moda. Como se usa dizer atualmente, trata-se de algo “retrô” ou um estilo desatualizado, velho, anacrônico.

Nas atuais campanhas, os candidatos desprezam o termo “honestidade”. Preferem dizer que estão à sombra de alguns velhos caciques ou perpétuos chefes oligárquicos. Alguns desses são atores recentes de episódios de honestidade duvidosa que a memória efêmera do povo esqueceu. Não tenhamos dúvidas. Vivemos a cultura da esperteza em todas as atividades humanas. Para muitos, os atributos morais e a retidão de caráter ficam em segundo plano. Assim, privilegia-se mais o indivíduo que a sociedade como um todo, o que é triste e lamentável.

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